Luan Narrando
Bruna havia
tido a ideia de chamarmos alguns amigos para uma semana em nossa chácara, como
teria essa semana de folga seria bom para relaxar. Combinamos tudo para o dia
seguinte à minha volta para casa. Por um momento pensei que Carol não fosse por
estar mal, mas minha alegria redobrou após minha irmã me dizer que ela estava
incluída na lista. Conversávamos na sala de estar enquanto ela mandava convites
via Whatsapp para nossos amigos.Mas quando ela chegou em certo assunto fiquei
sem saber o que falar. Com fio demais em minha irmã mais não sei se estava
pronto para entregar tudo de uma vez para ela.
- Vai Pi abre
o jogo logo, você está apaixonado pela Caroline não está? - Me encarou e por um
momento senti meu corpo gelar e minhas mãos soarem frio. Fiquei uns minutos
boquiaberto a olhando – Desembucha Pi, pode confiar em mim – Sorriu sincera,
respirei fundo umas três vezes antes de dizer qualquer coisa.
- Eu...Eu não
sei piroca – Gaguejei sem saber se deveria entregar tudo de uma vez ou
simplesmente guardar para mim.
- Nem tente me
enganar, eu te conheço e sei que está rolando algum sentimento muito forte por
ela ai dentro.
-Tudo bem não
consigo esconder nada de você mesmo – Me dei por vencido, ela sorriu vitoriosa.
– Você me conhece e sabe que eu não me apaixono assim tão fácil né? - Ela
apenas assentiu e respirei fundo antes de continuar – Eu não sei o que eu
realmente sinto pela Carol, mais é uma coisa que eu nunca senti por ninguém,
nem mesmo pela Jade eu sentia coisa parecida. Quando eu a vejo meu coração
acelera, minhas mãos soam e meu corpo implora por um contato com ela.
- Isso se
chama amor Luan. Você está perdidamente apaixonado pela Carol. – Ela disse
convicta sentando-se ao meu lado e me abraçando – Eu torço de verdade para que
um dia esse amor possa ser correspondido, Carol é uma menina de ouro, encanta a
todos por onde passa com sua timidez, carisma e simplicidade. No que você você
precisar pode contar comigo, se precisar de um ombro seja pra desabafar,chorar
ou simplesmente pra receber carinho eu vou estar sempre aqui pra te ouvir meu
irmão – Me apertou mais uma vez em um abraço e respirei fundo.
-Obrigada Pi,
obrigada por ser a melhor irmã do mundo – Sorri e baguncei seus cabelos a
irritando que apenas me lançou um olhar mortífero enquanto arrumava-os.
Na manhã
seguinte após nos despedirmos de meus pais que iriam visitar uns parentes no
Mato Grosso do Sul e seguimos rumo a Porecatu. Chegamos e alguns amigos
chegaram logo em seguida já começando a farra. Três dias haviam se passado e
nem sinal de Carol aparecer, decidi perguntar a Piroca se algo havia
acontecido. Mas ela me tranquilizou dizendo que Carol viria apenas no dia seguinte
pois estava com a família. Nem preciso dizer que passei o dia ansioso e com os
nervos saltando por querer que o outro dia chegue logo.
Na Manhã
seguinte acordei mais cedo que todos e decidi dar uma caminhada pela chácara e
pensar um pouco na vida vendo o verde que cercava aquele lugar. Mas meu sossego
acabou quando o macaco do meu tio sentou do meu lado e começou a me atazanar.
- Caiu da cama
boi? - Rimos
- Perdi o sono
e resolvi dar uma volta e apreciar esse verde pensando na vida. E você porque
milagre levantou tão cedo e tá arrumado assim?
- Sua irmã me
acordou pra ir com ela buscar sua paixão – Fez coração com a mão parecendo um
bicha. Dei-lhe um pedala.
- Que paixão
macaco? tá loco, não tenho paixão nenhuma. – Tentei mentir,sem sucesso
- Não precisa
mentir pra mim boi, Gutão me contou que você anda arrastando um caminhão pela
amiga da muié dele. E cê ta todo pensativo, todo estranho tem um tempo já. Todo
mundo ta percebendo, isso só pode ser muié. To errado?
- Não –
Balbuciei baixo mas ele ouviu.
- Tá vendo. Eu
ainda não conheço ela mais pelo que todo mundo ta falando dela é gostosa pra
caralho e é cunhada do namorado da sua irmã.
- Ex- cunhada,
e que história é essa de tarem falando que ela é gostosa? - Me irritei
- Baixa a bola
ai campeão, os boizera só estavam falando que a muié é linda e tem um corpo de
rancar folego. E o Guto deixou escapar que você ta amarradão na dela o que fez
todo mundo parar de brincar no mesmo instante. Fica tranquilo que ninguém vai
roubar sua presa não.
- Você falando
assim parece que ela é um tipo de carne e que eu sou carnívoro doido pra comer
e me saciar – O olhei não gostando do rumo da conversa.
- E não é? você pretende fazer com ela o mesmo que faz com todas as mulheres que passam
por você. Usa e joga fora – Me olhou com cautela.
- Cara some
daqui antes que eu sente a minha mão nessa sua cara de macaco – Me irritei.
- Eita que
acordou de pá virada hoje hein?!
- Eu não tenho
que dar satisfação de nada da minha vida pra você, mais vou somente deixar
claro uma coisa. Com a Carol as coisas são diferentes, não a quero por um dia
de prazer apenas. – Me levantei e o larguei sozinho voltando para dentro da
casa.
Passei pela
cozinha e Bruna estava terminando seu café. Dei um beijo em sua testa a
desejando bom dia e meu estomago começou a reclamar, sentei-me ao seu lado e me
servi de um pouco de suco e uma fatia de bolo. Ela se levantou dizendo que iria
se arrumar e buscar Carol no aeroporto. Aos poucos todos foram acordando e o
pessoal de minha banda que ficou de vir essa manhã estavam aos poucos também
chegando. Fomos para a área da churrasqueira e começamos a prepará-la para o
churrasco de logo mais. A galera começou a pedir umas moda e peguei meu violão
sentando num banco e começando a dedilhar umas notas enquanto o povo ia se juntando
em roda próximo a mim. Quando vi o carro de meu tio estacionar dentro da
chácara senti meu coração acelerar. A vi lindamente descer do veículo e Bruna
com jeito todo espantoso a puxando casa a dentro na certa pra mostrar o local
todo. Depois de um tempo a vejo novamente agora se aproximando de onde
estávamos e toda tímida acenou e foi cumprimentando um a um que Bruna lhe
apresentava. Quando chegou a minha vez parei de tocar e deixei o violão de
canto me levantando a abraçando e inspirando um pouco de seu cheiro que tanto
me fascina. Havia somente uma cadeira ao meu lado, propositalmente ou não só
havia lugar ali para que ela se sentasse. Tocamos mais umas modas e logo os
homens começaram a mexer com as carnes e as mulheres para cozinha preparar a comida.
Quando a carne estava no ponto me deixaram na missão de avisar as meninas que
estavam na cozinha a horas na maior bagunça, podia-se ouvir as gargalhadas da
varanda. Quando entrei na cozinha me deparei com uma cena linda, queria poder
congelar aquele momento. Enquanto as meninas bagunçavam na área do fogão em
meio a risos e trapalhadas. Carol estava encostada no balcão arrumando uma
travessa de salada toda concentradinha e com um sorriso angelical estampado.
Montava uma travessa de folhas coloridas como se fossem o arco-iris. Começando
com Alface,cenouras,pepinos e terminando com rodelas de tomate. Aproximei-me
devagar enquanto agora ela preparava o molho da salada e me encostei no balcão
de frente a ela, que quando me viu apenas sorriu mostrando aqueles dentes
brancos e perfeitos, logo voltando a atenção para o que fazia.
- Essa salada
tá muito bonita, parece com as que a minha mãe faz em casa. Ela sempre gosta de
deixar bastante colorido – Ela me olhou e sorriu erguendo as sobrancelhas.
- Sério? Eu
gosto de enfeitar as saladas, minha tia que me ensinou, sempre faço nas festas comemorativas
que fazemos. – Ela fica ainda mais encantadora quando está concentrada em
alguma coisa.
- Quero só ver
se está bom este tempero que você ta preparando, ta colocando um monte de
negócio estranho. – Fiz careta
- Tenho
certeza que com esses “negócios estranhos” é que darão um gosto a mais na
salada – Rimos.
- Pi Carol é
uma cozinheira de Mão cheia, por isso entregamos a cozinha nas mãos dela.
Apenas demos uma mãozinha. Mais tudo aqui foi preparado pelas mãozinhas de fada
dela – Bruna chegou atrás de mim e me abraçou enquanto víamos Carol terminar o
tempero.
- Eu já tive o prazer de experimentar um de seus pratos sofisticados mais quero ver se é boa preparando coisas mais simples como arroz, salada e uma boa farofa - Sorri a desafiando.
- Espere e veras - Debateu.
Avisei que a
carne já estava no ponto e que só faltava a cartada final das mulheres para que
pudesse pôr a mesa. Não demorou muito e todos estavam sentados à mesa servidos
da comida exemplar de Carol. Realmente a menina manda muito bem na cozinha,
além do meu coração ser fisgado meu estomago pelo jeito também havia sido. Não
pouparam elogios durante todo o almoço, o que fez com que Carol ficasse
vermelho como um pimentão. Passamos a tarde ouvindo umas moda que Juliano,Baron
e Marreta cantavam e eu decidi descansar minha voz um pouco deixando eles tomar
conta da roda de viola. Sentei próximo a Roberval que não desgrudava da sua mulher
que conversava com Carol. As vezes ouvia um pedaço sem querer de suas
conversas, e ficava bobo com as gargalhadas que ela dava vez ou outra quando
Rober se intrometia na conversa e falava alguma bobeira, que é o que mais ele
sabe fazer. Até ele puxar uma cadeira e sentar ao meu lado. Continuei ainda
observando ela de frente a mim.
- Cara homem
apaixonado é foda viu? - Rober disse assim que se sentou.
- To vendo
mesmo, você não desgruda da muié nem pra ela conversar Boi – Dei um pedala nele
que me acertou com outro.
- To falando
de mim não seu boizera, to falando de você mesmo que tá todo bobão ai babando
pela miss gostosa – Dei outro pedala pelo comentário desnecessário – Para ô to
só zoando, mais a galera que apelidou ela assim, não tenho nada a ver com isso.
- Vocês são
tudo amigo da onça, não podem ver carne nova no pedaço que já saem querendo
cair em cima. Mais essa eu vi primeiro e decidi que quero conquistar o coração
dela pra mim. – Sorri a vendo receber um prato de doce que Bruna lhe trazia,
comia delicadamente feito uma princesa.
- Nós virgula,
porque eu tenho a minha mulher e to feliz demais com ela. Deixo inteiramente a
miss para você conquistar – disse com cara de paisagem olhando sua namorada que
também desfrutava do doce. – Mas então quer dizer que você resolveu assumir que
ta apaixonado e vai lutar por ela? já não era sem tempo hein patrão – Bateu em
meu braço.
-Eu demorei a
aceitar que estava apaixonado por ela sem ao menos uma vez ter a beijado ou
tido contato físico com ela. Foi conhecendo a pessoa maravilhosa que ela é que
me deixou mexido, aos poucos mesmo tentando lutar contra fui me apaixonando,
mais ela namorava e gostava do cara. Não sei se posso um dia ser retribuído,
mais eu decidi que vou seguir em frente e conquistar essa mulher. Demore o
tempo que for, eu sei que dessa amizade que temos pode rolar algo mais.
- Mais agora
só falta ela se apaixonar né Boi. Você tá na cara que tá louco por ela já ela
não sente o mesmo por você até onde eu sei. – Rober disse me olhando, respirei
fundo e tomei um gole de minha cerveja – Você pretende começar a conquista-la
quando?
- Primeiro
quero deixar claro os meus sentimentos por ela, quero tomar coragem de expor
tudo que eu to sentindo aqui dentro pra ela. Tenho uns dias ainda.
- Como assim
uns dias? você pretende abrir o jogo aqui perante todos os seus amigos e
primos? - Perguntou espantado
- Qual o
problema? - Perguntei arqueando a sobrancelha.
- Nenhum, só
não pensei que essa sua paixão por ela fosse te fazer cometer atos como esse - disse dando de ombros – Realmente você esta
perdidamente apaixonado meu amigo, quem diria que o Don Juan sertanejo, o
pegador e o cara mais cobiçado do País seria fisgado desse jeito. Claro que com
uma serei dessa solta no mar, qualquer um viraria até escravo se preciso fosse.
Mais vindo de você juro que eu não imaginava que seria assim. – Generalizou.
- Você fala
como se fosse coisa de outro mundo eu me apaixonar de verdade por alguém.
Concordo que pode ser muito pouco tempo pra me apaixonar e também pra ficar doido
querendo somente uma mulher, mais eu não posso fazer nada se meu coração
decidiu que chegou a hora de se entregar ao amor. E outra já não sou mais
moleque, ta mais do que na hora de aquietar o facho como diz minha mãe
- Tá certo. Eu
me apaixonei pela Tati muito rápido também e sei o que você está passando. Na
verdade com ela foi bem mais fácil, mais mesmo assim entendo como é se
apaixonar de verdade.
- É meu amigo
pelo jeito fomos fisgados por duas sereias – Rimos.